Informe ABRAPSO: Carta aberta da Abrapso à sociedade brasileira

ELEIÇÕES 2010:Que projeto de sociedade queremos e estamos construindo?


          25 anos após o fim do período ditatorial em nosso país, vivemos em 2010 mais uma eleição para Presidência da República. A Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), entidade que completa, em 2010, 30 anos, e que nasce comprometida com processos de democratização do país, e, assim, com uma análise crítica da sociedade brasileira, não poderia deixar de se posicionar quanto ao processo eleitoral.

          Nos últimos oito anos de governo, pudemos observar que nosso país alcançou crescimentos importantes em diversas áreas da vida social, na busca pela erradicação da miséria e em favor de uma maior redistribuição de renda. Diferente de governos anteriores que se pautavam apenas em um desenvolvimento econômico, atrelado a receitas internacionais que ignoravam as desigualdades crescentes em nosso país e colocavam em jogo a nossa soberania. Também, foram construídos importantes fóruns de diálogos com os movimentos sociais, por meio de Conferências Temáticas, que possibilitaram tornar visíveis debates sempre marginalizados na sociedade brasileira, garantindo a efetiva participação da população no controle social de políticas públicas. Essas são conquistas fundamentais que não podem ser negligenciadas.

          O segundo turno desta eleição foi motivado, sobretudo, por um desejo da sociedade em ampliar o debate sobre projetos de governo que dessem continuidade a essa fase da vida política brasileira. Assim, o desejo é por fortalecer as conquistas democráticas já efetivadas e não para retroceder.

          Porém, o que temos observado é o retorno de práticas antigas de disseminar boatos, que, ao invés de ampliarem o debate, objetivam promover efeitos moralistas, que ao invés de convidar ao debate político, estagnam as discussões. Em relação a isto a ABRAPSO posiciona-se veemente contra.

          O debate deve ser conduzido aos projetos de sociedade que buscamos construir. Nossa posição é (e sempre foi nos trinta anos de existência da Abrapso!) que construamos uma sociedade comprometida com a ampliação da liberdade de associação e de expressão e que nossos representantes contribuam, não para a moralização da luta por direitos, mas para a politização de demandas democráticas.

          Dessa forma, diante do quadro político que emerge neste segundo turno em nosso país, repudiamos e resistimos à tentativa de retroceder as práticas extremamente elitistas e excludentes de governos anteriores. Ao mesmo tempo, nos mantemos comprometidos, junto aos movimentos sociais, a continuarmos no curso de uma sociedade plural e solidária. Não devemos, não podemos e não queremos retroceder!



Recife, 12 de outubro de 2010.