23 de dezembro de 2011

Mensagens de Natal



O núcleo Alto São Francisco da ABRAPSO deseja um Feliz Natal a todos e a todas que partilharam dos nossos sonhos em 2011! Que 2012 venha com o máximo de sucesso!!!


11 de julho de 2011

EM NOVEMBRO/2011...

IV ENCONTRO MINEIRO DE TERAPIA DE FAMÍLIA
Tema: Famílias e Casais: complexidade e criatividade
Preparem seus resumos até 05 de agosto de 2011
Diretoria Gestão 2010/2012
http://www.amitef.org.br/

VI Simpósio Brasileiro de Psicologia Política

Perspectivas e Desafios da Psicologia Política no Brasil: 10 anos da ABPP
10 - 13 de Agosto de 2011
Local: Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Universidade de São Paulo Inscrições: De 20 de junho a 20 de Julho de 2011

Critérios de Seleção de Trabalhos para o VI SBPP
A Comissão Científica do VI Simpósio de Psicologia Política estabelece que cada participante poderá increver apenas dois trabalhos. Como critérios para a submissão de trabalhos se estabelece o seguinte:

Mesas Redondas
Os/as proponentes de mesas redondas devem estar cursando ao menos o mestrado ou atuação profissional equivalente a este.
Poderão conter de 3 a 5 participantes, sendo o/a proponente o/a coordenador/a da mesma;
Devem ser compostas de pesquisadores/as de, pelo menos, duas instituições distintas;
Estar fundamentado teórica e metodologicamente;
Estar vinculado a algum dos eixos temáticos apresentados no VI SBPP;
Clareza da exposição e coerência da argumentação;
Os trabalhos deverão conter cinco palavras-chaves;
O resumo das mesas redondas deverá conter até 300 palavras e a comunicação de cada integrante um resumo de até 500 palavras;
Os textos completos serão novamente avaliados pela comissão para averiguação da pertinência ao campo, e mérito e relevância do texto.

Comunicação Coordenada
Estar fundamentado teórica e metodologicamente;
Estar vinculado a algum dos eixos temáticos apresentados no VI SBPP;
Clareza da exposição e coerência da argumentação;
Os trabalhos deverão conter cinco palavras-chaves;
O resumo deverá conter até 300

Poster
Devem conter Título, Resumo, Justificativa, objetivos, metodologia, considerações finais e bibliografia, sendo que os elementos exigidos devem apresentar coerência interna;
Devem ser apresentados em uma página e distribuidos em duas colunas;
Poderão conter até 6 autores;
Os trabalhos deverão conter cinco palavras-chaves;

Eixos Temáticos
Os eixos temáticos nos quais os trabalhos deverão ser inscritos são:
a. Ações coletivas e Movimentos Sociais,
b. Ambiente, Saúde Coletiva e Espaço Público
c. Comportamento Eleitoral e Marketing Político
d. Formações Identitárias, Consciência Política e Cultura Política
e. Educação, Juventude e Socialização Política
f. Movimento Sindical e Relações de Trabalho
g. Memória Coletiva, Violência Política e Direitos Humanos
h. Multiculturalismo e relações de Gênero, Raça/Etnia e Orientação Sexual
i. Política, Esporte e Lazer
j. Gestão, Políticas Públicas e Inclusão Social
k. Participação Política e Ação Comunitária
l. Direitos, Cidadania e Democratização
m. Religião e Política

Os pontos omissos serão analizados pela comissão cientifica do VI SBPP.


Programação do VI SBPP.
Correio eletrônico para contato:
Débora Cidro de Brito

30 de março de 2011

Manifesto de Lançamento do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade

De 11 a 13 de novembro de 2010, em torno de mil profissionais das áreas de Saúde e Educação, estudantes e representantes de entidades participaram do I Seminário Internacional "A Educação Medicalizada: Dislexia, TDAH e outros supostos transtornos", em São Paulo.

Como ação política deste evento, foi lançado o Fórum Sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, de atuação permanente, que tem por finalidade articular entidades, grupos e pessoas para o enfrentamento e a superação do fenômeno da medicalização, bem como mobilizar a sociedade para a crítica à medicalização da aprendizagem e do comportamento.

Durante o lançamento do Fórum foi aprovado o Manifesto que, nesta ocasião, obteve a adesão de 450 participantes e de 27 entidades. Este documento destaca os objetivos do Fórum, suas diretrizes e propostas de atuação.

Consideramos fundamental que as discussões do Fórum possam se ampliar no âmbito da sociedade e, para tanto, convidamos você ou sua entidade para assinar este Manifesto, cujo teor apresentamos a seguir:


Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade

A sociedade brasileira vive um processo crescente de medicalização de todas as esferas da vida.

Entende-se por medicalização o processo que transforma, artificialmente, questões não médicas em problemas médicos. Problemas de diferentes ordens são apresentados como “doenças”, “transtornos”, “distúrbios” que escamoteiam as grandes questões políticas, sociais, culturais, afetivas que afligem a vida das pessoas. Questões coletivas são tomadas como individuais; problemas sociais e políticos são tornados biológicos. Nesse processo, que gera sofrimento psíquico, a pessoa e sua família são responsabilizadas pelos problemas, enquanto governos, autoridades e profissionais são eximidos de suas responsabilidades.

Uma vez classificadas como “doentes”, as pessoas tornam-se “pacientes” e consequentemente “consumidoras” de tratamentos, terapias e medicamentos, que transformam o seu próprio corpo no alvo dos problemas que, na lógica medicalizante, deverão ser sanados individualmente. Muitas vezes, famílias, profissionais, autoridades, governantes e formuladores de políticas eximem-se de sua responsabilidade quanto às questões sociais: as pessoas é que têm “problemas”, são “disfuncionais”, “não se adaptam”, são “doentes” e são, até mesmo, judicializadas.

A aprendizagem e os modos de ser e agir – campos de grande complexidade e diversidade – têm sido alvos preferenciais da medicalização. Cabe destacar que, historicamente, é a partir de insatisfações e questionamentos que se constituem possibilidades de mudança nas formas de ordenação social e de superação de preconceitos e desigualdades.

O estigma da “doença” faz uma segunda exclusão dos já excluídos – social, afetiva, educacionalmente – protegida por discursos de inclusão.

A medicalização tem assim cumprido o papel de controlar e submeter pessoas, abafando questionamentos e desconfortos; cumpre, inclusive, o papel ainda mais perverso de ocultar violências físicas e psicológicas, transformando essas pessoas em “portadores de distúrbios de comportamento e de aprendizagem”.

No Brasil, a crítica e o enfrentamento dos processos de medicalização ainda são muito incipientes.

É neste contexto que se constitui o Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, que tem como objetivos: articular entidades, grupos e pessoas para o enfrentamento e superação do fenômeno da medicalização, bem como mobilizar a sociedade para a crítica à medicalização da aprendizagem e do comportamento.

O caráter do Fórum é político e de atuação permanente, constituindo-se a partir da qualidade da articulação de seus participantes e suas decisões serão tomadas, preferencialmente, por consenso. É composto por entidades, movimentos e pessoas que tenham interesse no tema e afinidade com os objetivos do Fórum.

O Fórum se fundamenta nos seguintes princípios:
- Contra os processos de medicalização da vida.
- Defesa das pessoas que vivenciam processos de medicalização.
- Defesa dos Direitos Humanos.
- Defesa do Estatuto da Criança e Adolescente.
- Direito à Educação pública, gratuita, democrática, laica, de qualidade e socialmente referenciada para todas e todos.
- Direito à Saúde e defesa do Sistema Único de Saúde – SUS e seus princípios.
- Respeito à diversidade e à singularidade, em especial, nos processos de aprendizagem.
- Valorização da compreensão do fenômeno medicalização em abordagem interdisciplinar.
- Valorização da participação popular.

O Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade se propõe os seguintes desafios:
I. Ampliar a democratização do debate
o Estabelecer mecanismos de interlocução com a sociedade civil
i. Popularizar o debate, sem perder o rigor científico.
ii. Pluralizar os meios de divulgação, incluindo cordéis, sites, artes em geral.
iii. Construir estratégias para ocupar espaços na mídia.

o Estabelecer mecanismos de interlocução com a academia
i. Ampliar a discussão entre profissionais das diversas áreas;
ii. Construir estratégias para ocupar espaços nos cursos de formação inicial e continuada dos profissionais das diversas áreas.
iii. Apoiar propostas curriculares de humanização das práticas de educação e de saúde.

o Socializar o significado da medicalização e suas consequências
i. Reconhecer as necessidades das famílias que vivenciam processos de medicalização.
ii. Esclarecer riscos da drogadição – drogas lícitas e ilícitas - como consequência da medicalização.

o Ampliar a compreensão sobre a diversidade e historicidade dos processos de aprendizagem e de desenvolvimento humano.

II. Construir estratégias que subvertam a lógica medicalizante
o Ampliar a produção teórica no campo da crítica à medicalização.
o Intervir na formulação de políticas públicas, subsidiando o embasamento em novas concepções de ser humano e de sociedade.
o Apoiar iniciativas de acolhimento e o fortalecimento das famílias, desmitificando pretensos benefícios da medicalização.
o Apoiar ações intersetoriais que enfrentem os processos de medicalização da vida.

São Paulo, 13 de novembro de 2010

Leia, veja as assinaturas e assine!

10 de março de 2011

Psicologia: profissão de muitas e diferentes mulheres

O Brasil vive um momento histórico onde a questão da mulher assume centralidade na política. A eleição de nossa presidenta Dilma Rousseff refletiu o desejo de homens e mulheres e a expectativa de um reordenamento das relações de poder na nossa sociedade. Este momento deve ser sempre entendido como a valorização da participação feminina no Estado, nas relações sociais e políticas, que deve ampliar o protagonismo da mulher nos diversos campos.
Neste 8 de março, o Conselho Federal de Psicologia ao prestar a sua homenagem à mulher brasileira, quer incentivar e aproximar o diálogo com as muitas e diferentes mulheres, que compõem a riqueza e a diversidade da sociedade brasileira e com as muitas e diferentes psicólogas brasileiras. Que essa seja uma troca aberta, direta, que fale da condição feminina. Que dialogue sobre o exercício profissional, mas também que trate da construção da identidade da mulher contemporânea, que se desdobra para assumir diferentes papéis. Que trabalha, que luta pelos seus direitos e pela sua realização, que cuida das filhas e dos filhos e que muitas vezes representa o elo de sustentabilidade familiar. A vocês, a nossa homenagem, reconhecimento e compromisso em trazer a questão da mulher para o centro de nossas prioridades.

No Brasil, a Psicologia tem pelo menos 89% de profissionais mulheres. Para proporcionar um olhar às mulheres psicólogas, o CFP lança, neste 8 de março, a campanha “Psicologia: profissão de muitas e diferentes mulheres”. A proposta é conversar sobre direitos das mulheres diretamente com as psicólogas; valorizar o protagonismo feminino e as experiências de promoção da democracia e da cidadania plena das mulheres.

Toda a campanha está concentrada na página http://mulher.pol.org.br, na qual as psicólogas poderão enviar fotos e vídeos do seu cotidiano profissional. As 300 melhores fotografias e os 50 melhores vídeos serão premiados simbolicamente com camisetas alusivas à campanha. Com as fotos, será construído um grande mapa com imagens da Psicologia no Brasil e será possível visualizar as práticas profissionais em diversas áreas da Psicologia e em diversos locais do País. Nesta página também é possível deixar relatos de experiência, comentários e mensagens. Prêmio para experiências exitosas em democracia e cidadania plena das mulheres

O CFP vai premiar experiências profissionais exitosas em democracia e cidadania plena das mulheres, realizadas por psicólogas e psicólogos. O objetivo da premiação é proporcionar a divulgação de atividades que contribuam com este desafio e que articulem o saber e a prática psicológica com a construção de ações afirmativas sobre o desenvolvimento e promoção da cidadania plena das mulheres, entre outros aspectos vinculados ao exercício da democracia. As inscrições estão abertas de 8 de março a 1 de junho de 2011. Os trabalhos serão avaliados por uma comissão. Os três primeiros colocados receberão a premiação em dinheiro e serão publicados. Mais informações estarão disponíveis no edital que será publicado nos próximos dias na página da campanha.
Ações na área
São várias frentes de atuação do CFP em temas ligados às mulheres. O combate à violência contra a mulher, ainda tão presente em nossa sociedade, e a defesa do parto humanizado, são algumas das lutas da Psicologia em prol da garantia dos direitos femininos. Em 2010, o CFP conquistou vaga no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), espaço para propor e opinar sobre os rumos das políticas públicas femininas. Além disso, mantém em sua estrutura uma Comissão Especial de Elaboração de Referências Técnicas para Atuação dos psicólogos na Atenção às Mulheres em Situação de Violência.

19 de fevereiro de 2011

MANIFESTAÇÃO CONTRA A AÇÃO VIOLENTA DA POLÍCIA MILITAR E PREFEITURA DE SÃO PAULO: PELO DIREITO DA LIVRE MANIFESTAÇÃO

Desde o início de 2011, quando fomos surpreendidos pelo aumento abusivo da tarifa de ônibus municipal em São Paulo, a população e muitos movimentos, entidades, militantes em geral, estiveram articulados em manifestações contra esse aumento, buscando, assim, um canal de diálogo com o Poder Público.

Contudo, tais manifestações tem sido repreendidas duramente via ação truculenta da Polícia Militar e sua Tropa de Choque, como o que ocorreu durante a sexta manifestação realizada neste ano (17/02/2011), em que mais uma vez houve espancamentos, causando graves ferimentos nos manifestantes do Movimento Passe Livre, militantes de vários segmentos e vereadores que apóiam a luta pela redução do valor da passagem em São Paulo. Um dos atingidos pela violência do Estado foi o assistente social Vinícius Boim, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da PUC/SP, com o qual nos solidarizamos publicamente.

Em um município que vem, declaradamente, militarizando seus espaços, o Núcleo São Paulo ABRAPSO (Associação Brasileira de Psicologia Social) vem denunciar a covarde e violenta ação de impedir as manifestações populares, bem como o fato de vários postos da prefeitura (sub-prefeituras, secretarias, como a de Transporte, a CET, o SAMU, Serviço Funerário e Defesa Civil, entre outros) estarem sob o comando de cerca de 40 oficiais da Polícia Militar. Vivenciamos ainda o modelo autoritário militarizado herdado da ditadura ao vermos que direitos e espaços conquistados pela luta democrática estão hoje nas mãos de generais e oficiais da Polícia Militar.

Apoiamos a luta pela mobilidade urbana, para que todos nós tenhamos um transporte público de qualidade, digno, a partir da migração do sistema de transporte privado para um sistema público, bem como a livre manifestação popular!


CONTRA A VIOLÊNCIA DA POLÍCIA MILITAR! CONTRA O COMANDO MILITARIZADO DA PREFEITURA DE SÃO PAULO! PELO DIREITO DA LIVRE MANIFESTAÇÃO POPULAR! PELA REDUÇÃO DA TARIFA DE ÔNIBUS! PELO SISTEMA PÚBLICO DE TRANSPORTE! PELO DIREITO DA MOBILIDADE URBANA!

São Paulo, 18 de fevereiro de 2011.
NÚCLEO SÃO PAULO ABRAPSO

31 de dezembro de 2010

POR UMA GESTÃO PÚBLICA JUSTA, DEMOCRÁTICA E IGUALITÁRIA

A Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) foi criada em 1980, com o firme propósito de construir uma Psicologia Social Crítica, distinta daquela que dominava a produção intelectual e as intervenções dos profissionais em psicologia e áreas afins: alheias à ampla injustiça social que caracterizava a sociedade brasileira. Em sua origem, a ABRAPSO se posiciona, pois, como uma entidade que define ciência e política como indissociáveis e defende a manutenção de uma postura crítica frente a ambas, de modo a construir para uma sociedade mais democrática com justiça social.

Recentemente, durante o segundo turno das Eleições 2010, nossa entidade publicou uma Carta Aberta à sociedade brasileira, na qual reafirmamos nosso lugar político e nos manifestamos criticamente em relação ao possível retrocesso de conquistas democráticas alcançadas nos últimos anos. Na oportunidade, questionávamos: “Qual projeto de sociedade queremos e estamos construindo?” Nosso posicionamento, naquele momento, buscava fazer frente ao modo com as discussões eleitorais se caracterizavam: sustentadas em argumentos moralistas, ao invés de uma postura firme na defesa de direitos fundamentais da pessoa humana.

Neste momento, em que toma posse a nova presidência e se institui nova composição legislativa, além de dar boas-vindas aos novos/as governantes, firmarmos uma postura crítica frente aos últimos oito anos. Nesse sentido, a ABRAPSO busca trazer alguns apontamentos, com o sincero objetivo de contribuir para o debate democrático. Com isso, reafirma sua posição expressa na primeira Carta Aberta e enfatiza sua rejeição a qualquer moralização de demandas democráticas e/ou à construção e manutenção de desigualdades.

Neste cenário, preocupa-nos sobremaneira a ordem neoliberal inscrita em atos governamentais que, nos últimos anos, resultaram em ampla terceirização, na precarização das condições de trabalho, na privatização da saúde e da educação, dentre tantos outros problemas. Trata-se de enorme retrocesso às lutas populares por melhores condições de existência e por uma sociedade justa e igualitária. Não podemos esquecer também do descaso com conquistas democráticas já obtidas por essas lutas, como vem sendo o caso do Sistema Único de Saúde ou com a Rede Pública de Ensino, em todos os seus níveis. Nosso questionamento, obviamente, não se refere aos princípios, mas a sua forma de implementação, que muitas vezes repete antigos formatos, sob novos argumentos.

Em relação aos Direitos Humanos, de maneira ampla, não se pode esquecer da constante criminalização, tanto dos movimentos sociais combativos da cidade e do campo, como da pobreza, que acabaram culminando em episódios críticos tais como os recém-assistidos na cidade do Rio de Janeiro. Também não podemos esquecer que, à custa de evitar qualquer embate com a alta cúpula militar, a postergação na abertura dos Arquivos da Ditadura e a manutenção da Anistia a torturadores apenas pune, mais uma vez, vítimas e familiares dessa triste passagem de nossa história, que constantemente se busca silenciar.

No período eleitoral, preocupou-nos sobremaneira o modo como debates em torno de questões fundamentais aos Direitos Humanos foram tratados de modo superficial e moralizante. Com isto, nos referimos tanto à cruzada ideológica encampada pelo candidato José Serra, bem como a resposta “em defesa da vida” oferecida pela, à época candidata, Dilma Roussef. Na defesa de uma sociedade justa e igualitária, faz-se importante perguntar pelo significado da moralização da luta por direitos democráticos e, dessa forma, a quem ela visa beneficiar e sobre qual projeto de sociedade estarão assentadas as bases da nova gestão.

Consequentemente, sob que horizontes e na busca de qual projeto de sociedade gestão recém-eleita respondeu que é “defensora da vida”, ao ter sido questionada sobre sua posição quanto à descriminalização do aborto? Sob que horizontes e na busca de qual projeto não explicitaram o apoio a direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais? Por que não questionaram o conservadorismo de setores religiosos que insistem em tratar a homossexualidade como pecado, a manter a discussão do aborto entre favoráveis e contrários, simplificando o debate e nomeando a lei pela criminalização da homofobia como “lei da mordaça” e a descriminalização do aborto como um ato de assassinato? Essas questões são caras à democracia brasileira e não podem ser tratadas do ponto de vista moral e sim a partir do respeito aos direitos humanos. O preconceito e a intolerância raciais, territoriais, por orientação sexual, de gênero, classe social, dentre tantas outras expressões, vem crescendo assustadoramente em nosso país e esse tipo de discurso vindo de nossos governantes apenas contribui para o aumento de manifestações desse tipo. Também é cúmplice, o silêncio frente a posturas intolerantes.

Como associação científica e profissional que somos, destacamos a preocupação com a redução do orçamento público federal aprovado para o ano de 2011, especialmente no que se refere a investimentos em pesquisa e educação. Frente a isso, gostaríamos de atentar para a necessidade de: 1) avançar rumo a uma política sustentável para a formação de pesquisadores e de profissionais em psicologia e áreas afins; 2) de manter e ampliar o processo de contratação de professores nas universidades federais; 3) de garantir fomento por parte de agências de apoio à pesquisa e ensino; 4) de garantir bolsas para o desenvolvimento de atividades de pesquisa e extensão para estudantes tanto de graduação como de pós-graduação; 5) de respeitar as especificidades da área de Ciências Humanas e Sociais com relação aos seus critérios internos de produtividade e relevância na produção do saber acadêmico.

A ABRAPSO se opõe a toda forma de exploração, opressão, exclusão, preconceito ou de descaso com as políticas públicas e sociais. Espera dos/as governantes, eleitos/as pelo voto popular, que também tenham essa postura e que contribuam, do lugar que estão ocupando, para a construção de uma sociedade justa e igualitária.

Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO)
Recife, 31 de dezembro de 2010